Em entrevista exclusiva ao BAHIA DIA A DIA, a juíza substituta de Itabela, Dra. Karina Silva de Araújo, falou de assuntos relacionados a eleições 2014 e sobre assuntos ligados à comarca do município, como a falta de estrutura do local, falta de servidores e da ausência de promotor titular. Na comarca de Itabela, a juíza é responsável pela vara civil, crime, vara da família e agora, também assume a vara eleitoral. Além de Itabela, a juíza ainda responde pelos municípios de Guaratinga e Porto Seguro. Confira a entrevista.
Reporter - Quais as condições da Comarca de Itabela
Dra. Karina - A comarca é extremamente precária, pequeno número de servidores, falta de um promotor titular o que dificulta o andamento dos processos. Temos muitas processos parados há muito tempo e desde a minha chegada tenho tentado agilizar, mas agora assumindo a vara eleitoral, tenho que ficar por conta do período eleitoral além da minha designação para porto seguro onde saio da comarca de um a dois dias .
Reporter - A cidade está sem promotor titular e isso interfere no julgamento dos processos, como a senhora estar lidando com esta situação?
Dra. Karina - Sem dúvida, isso interfere em todos os processos. Nós temos um promotor substituto que agenda um tempo para nos auxiliar aqui, mas é muito pouco porque Itabela tem um número de demandas muito grande. Foi designado outro promotor também substituto, o que também não atende as demandas. O meu antecessor, Dr. Heitor fez uma representação para ministério solicitando que fosse encaminhado um promotor para Itabela e agora cabe à sociedade cobrar.
Reporter - Dra. Karine, a senhora é Juíza substituta em Itabela, atende Porto seguro e Guaratinga e agora esta assumindo a vara eleitoral responsável. Com este acúmulo de trabalho como à senhora está agilizando os processos?
Dra. Karina - O que está sendo feito são as prioridades legais, como o processo eleitoral, processos de crimes, fornecimentos de relatórios que são em media quinze mensais, além de cumpri as metas do CNJ na medida do possível, as medidas de segurança que a lei me da prioridade e também atendimento ao réu preso, que a gente estende, porque a questão do réu preso não pode deixar de ser cumprida.
Reporter - Recentemente a senhora apreendeu faixas e cavaletes de vários candidatos em Itabela e com as proximidades da eleição no município como será a sua atuação a partir de agora?
Dra. Karina - No processo eleitoral eu tenho poder administrativos de fiscalizar, visualizamos as placas e montamos uma equipe para poder retirá-las, pois estavam todos irregulares e na medida em que for acontecendo outras irregularidades novas medidas serão tomadas e isso também cabe aos carros de som que tiverem com o volume acima do permitido.
Reporter - Qual será a estrutura montada para as eleições de 2014 em Itabela?
Dra. Karina - Começamos a estabelecer esta estrutura agora, pois estamos com poucos servidores para fazer esta função tanto em Itabela como Guaratinga. As urnas chegam dia 22 para inspeção ainda estamos trabalhando para que tenhamos uma estrutura mais ágil para atender as necessidades eleitorais em Itabela.
Reporter - Com todo este acúmulo de trabalho como à senhora esta se sentindo como ser humano?
Dra. Karina - É difícil até pensar em ser humano numa situação dessas. O magistrado incorpora a função por vinte quatro horas, fica difícil separar o humano da função, o que é um erro. Eu sou um ser humano que merece viver como todas as pessoas, mas no momento a comarca de Itabela me consome por inteiro.
Reporter - Vivemos em um país democrático por direito e o voto é obrigatório o que soa certa contradição. Como à senhora analisa esta questão?
Dra. Karina - Na verdade estamos caminhando para democracia que ainda é muito nova estamos engatinhando, tudo que é inicio tende a não ser correto até que as pessoas incorporem o estado democrático de direito que é um paradigma a ser seguido também como histórico de vida ai sim as liberdades voltariam a serem exercidas de forma plena. O voto hoje é obrigatório, mas quem sabe amanha não seja, e as pessoas possam ir livremente para as urnas e fazer a suas escolhas por opção e ai sim as liberdades seriam exercidas de forma plena.
Reporter - Como à senhora está vendo a justiça no Brasil atualmente?
Dra. Karina - Acho que a Justiça reflete a nossa sociedade porque não está só o judiciário, legislativo ou executivo, esse turbilhão de mudanças, à sociedade também esta em mudança de valores. Estamos vivendo um momento de mudanças espero que estas mudanças sejam para o melhor para sociedade brasileira. Vivemos num pais democrático. A juíza concluiu a sua entrevista, conclamando a sociedade a cobrar um promotor titular para o município para o bem da própria sociedade.
"A base da sociedade é a justiça. O julgamento constitui a ordem da sociedade: ora o julgamento é a aplicação da justiça.”
(Aristóteles).
Fonte: Bahia Dia a Dia
Por Gutemberg Stolze - imprensananet.com