Escolhida para ser a base da seleção brasileira na Copa do Mundo, Sochi pôde ver muito pouco ou quase nada dos treinos da equipe comandada por Tite durante os 18 dias em que a delegação ficou na cidade. A partir desta quinta-feira (5), o Brasil não terá uma residência fixa. A seleção deixa a cidade litorânea com destino a Kazan, onde enfrenta a Bélgica nesta sexta-feira (6), às 15h (horário de Brasília), pelas quartas de final da Copa do Mundo.
Se avançar, a próxima parada será São Petersburgo, local da semifinal.
No período que ficou em Sochi, o time brasileiro fez apenas um treino aberto para o público. A atividade, realizada no estádio Slava Metreveli no dia 12 de junho, reuniu quatro mil torcedores. O local tem capacidade para 10 mil pessoas. Os outros treinos foram fechados para torcedores e até para a imprensa, que só tinha acesso a 15 minutos, com exceção dos treinamentos após a partida que era liberado em sua totalidade.
Os treinos realizados após os jogos aconteciam em um campo menor do complexo esportivo IUG Sport. Os familiares dos jogadores eram os únicos que poderiam acompanhar a atividade em período integral. Eles, inclusive, assistiam até o treino comandado por Tite no estádio Slavia Metreveli, que era fechado para a imprensa.
O treinador usou a atividade para ensaiar e fazer ajustes no time conforme o próximo adversário. As redondezas do local tinham muitos seguranças, que impediam a passagem de torcedores por locais com vista para o gramado.
O estádio e o campo de treinamento têm dois hotéis, que hospedam atletas russos e turistas. Neste período de passagem da seleção brasileira, eles tiveram restrições. Não podiam fazer fotos e filmagens, além de horário para deixar os quartos e uso obrigatório de crachá de identificação para andar pelas instalações.
“Normalmente aqui é um lugar silencioso e não há tantos seguranças como agora. Com a presença do Brasil, a segurança foi reforçada. Precisamos usar credenciais, e as regras estão rígidas. Os seguranças e os policiais ficam observando as pessoas”, disse Ury Selihov, atleta russo de bobsled (espécie de trenó), que usa as estruturas para realizar parte do seu treinamento.
Além de acompanhar os treinamentos, os familiares dos jogadores ficaram hospedados a quatro quilômetros da base da seleção, no Pullmann hotel. A CBF organizou a logística das viagens, mas não arcou com os custos. Uma empresa parceira da confederação há vários anos foi quem fez tudo, mas cada jogador bancou os gastos de seus convidados.
Aos menos 120 pessoas entre familiares e amigos ficaram no local por esses dias. A lista não inclui os familiares Neymar.
O pai do camisa 10 se hospedou no mesmo hotel que a seleção brasileira, o Swissôtel, assim como a irmã Rafaela e a mãe Nadine. A atriz Bruna Marquezine, namorada do atacante, foi outra que pegou um quarto no local, quando veio a Sochi. A hospedagem possui praia privativa e piscinas.
Porém, era normal ver os parentes no hotel da seleção brasileira assim como os jogadores na moradia dos familiares em dias de folga. Eles aproveitavam para curtir a praia, passear e jantar com a família. O restaurante preferido ficava a menos de 100 m do Pullmann hotel.
O clima em Sochi e a presença dos familiares por perto lembrou muito a logística feita pela Alemanha na Copa do Mundo de 2014. Na época, os alemães ficaram na cidade de Santa Cruz Cabrália, mais especificamente na Vila de Santo André, cujo acesso melhor era feito apenas por balsa.
Assim como o Brasil, também realizaram apenas um treino aberto, o que é exigido pela Fifa.
Ao contrário da seleção brasileira, o acesso das famílias era restrito à praia particular no local, não dentro da concentração. Se quisessem, os jogadores iam à pousada que hospedava os familiares. Os alemães também retornavam ao local após cada jogo. O Brasil retornou a Sochi até o jogo das quartas de final. De agora em diante, segue viagem.
Fonte - Folha de São Paulo
Por - Gutemberg Stolze / Imprensananet.com