
Em crise na Saúde, Governo da Bahia mantém repasses insuficientes e agrava colapso hospitais baianos, inclusive no, no HRDLEM em Porto Seguro. As dificuldades são várias, médicos sofrem com atrasos salariais; governo culpa gestões anteriores, mas sindicato aponta falta de verbas como verdadeira causa do caos.
Em Feira de Santana, sindicato entra na duscursão e faz acordo com governo. No acordo, os salários atrasados devem ser pagos em 06 vezes.
O Hospital Regional Deputado Luís Eduardo Magalhães, em Porto Seguro, é hoje o símbolo do colapso da saúde pública estadual na Bahia. Enquanto o governo insiste em atribuir a crise à antiga administradora do hospital, o Instituto de Gestão e Humanização (IGH), e mais recentemente à INSV, médicos e entidades sindicais apontam outro diagnóstico: o problema é a falta de recursos financeiros suficientes para o funcionamento da unidade.
Construído para atender cerca de 600 pacientes por mês, o hospital hoje recebe entre 3.000 e 4.000 pacientes mensais, vindos de mais de 30 municípios do Extremo Sul da Bahia, incluindo Eunápolis, Cabrália, Itabela, Itamaraju e Prado. O resultado é um sistema sobrecarregado, com leitos improvisados, carência de materiais básicos e profissionais trabalhando sob intensa pressão.
Promessas e contradições
O governador da Bahia, em declarações recentes, tem reforçado que os atrasos salariais e os problemas administrativos decorrem de má gestão das organizações sociais que já administraram a unidade. No entanto, apurações indicam que, mesmo com contratos regulares, o Estado nunca garantiu o repasse integral necessário para a manutenção do hospital.
De acordo com informações internas, o Regional de Porto Seguro precisaria de aproximadamente R$ 30 milhões mensais para operar com dignidade. Contudo, o repasse efetivo do Governo do Estado raramente ultrapassa R$ 10 milhões — menos de um terço do valor necessário.
Com isso, torna-se impossível manter a folha de pagamento dos profissionais em dia, comprar insumos e assegurar o funcionamento pleno da estrutura hospitalar.
O alerta do Sindimed-BA
A crise não se restringe ao extremo sul. Em setembro, o Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindimed-BA) voltou a denunciar atrasos generalizados nos salários dos médicos e falta de compromisso do Governo Estadual com o setor.
Em sessão de mediação realizada no Ministério Público do Trabalho (MPT) em Feira de Santana, no dia 15 de setembro de 2025, foi finalmente formalizado um acordo para pagamento de uma dívida do INSV com médicos da Santa Casa de Misericórdia de Oliveira dos Campinhos, pendente desde dezembro de 2024.
Segundo o Sindimed, o pagamento será feito em seis parcelas, diretamente através do sindicato, após intensa negociação conduzida pela presidente Dra. Rita Virgínia e pela diretoria jurídica.
“Foi uma negociação demorada, mas conseguimos garantir que o valor retornasse às mãos de quem merece: os médicos”, declarou Rita Virgínia, em nota oficial publicada pelo Sindimed-BA.
O episódio comprova que o problema não é isolado e que o argumento de “má gestão das OSs” não se sustenta. Há um padrão de atraso e falta de repasse em toda a rede estadual, prejudicando diretamente a vida financeira de centenas de médicos e comprometendo o atendimento hospitalar.
O colapso diário
No Hospital Regional de Porto Seguro, a situação é dramática. Médicos trabalham sem saber quando receberão, pacientes esperam horas por atendimento e equipamentos essenciais estão parados por falta de manutenção.
Profissionais denunciam a precariedade de condições mínimas de trabalho, o sucateamento das instalações e a superlotação dos setores de urgência e emergência. O hospital, que deveria ser referência em média e alta complexidade, tornou-se um campo de resistência da equipe médica, sustentado pelo esforço individual e pela boa vontade dos servidores.
“A gente vive no improviso. Falta insumo, falta estrutura, e ainda somos cobrados por resultados. É desumano com quem trabalha e cruel com quem precisa ser atendido”, relata um médico sob anonimato.
Responsabilidade pública e gestão ineficiente
O argumento de que as empresas terceirizadas são as culpadas pelo caos já não convence mais o corpo médico nem a sociedade civil. O Sindimed e lideranças locais afirmam que o problema é de gestão política e de prioridade orçamentária.
Sem um planejamento realista, o Governo do Estado repete o mesmo ciclo: troca-se a empresa administradora, mas mantém-se o subfinanciamento. O resultado é previsível: mais atrasos, mais insatisfação e mais pacientes desassistidos.
O hospital pede socorro
O Hospital Regional Deputado Luís Eduardo Magalhães é hoje um símbolo de abandono estatal e da falta de compromisso com o interior da Bahia. Médicos, pacientes e municípios vizinhos seguem pagando a conta de uma administração que prefere discursos a soluções.
Enquanto isso, a cada plantão, vidas são salvas à custa do sacrifício dos profissionais que resistem dentro de uma estrutura esgotada. Afinal, como pode um governo que repassa apenas um terço do valor necessário cobrar eficiência de quem trabalha sem condições mínimas de manter o hospital em pé?
Fonte: Vinícius Brandão
Por - Gutemberg Stolze / Imprensananet.com