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Por: Gutemberg Stolze
20/08/2025 - 23:01:47

 

A identificação rápida e precisa de madeiras a partir de um modelo computadorizado é um dos resultados de pesquisa de pós-doutorado da professora Mara Agostini Valle, do Centro de Formação em Ciências Agroflorestais (CFCAF). Além desse modelo, a professora Mara também traz do período de estudos no Estados Unidos uma coleção variada de lâminas histológicas de madeiras, reforçando o material de estudos disponível para discentes e um projeto de treinamento para fiscalização ambiental.

 

 

O estudo realizado pela docente ocorreu ao longo de um ano, com o projeto aprovado com bolsa na Chamada Pública MCTI/CNPq nº 14/2023 - Apoio a Projetos Internacionais de Pesquisa Científica, Tecnológica e de Inovação. Mara realizou a pesquisa junto ao Laboratório de Produtos Florestais (Forest Products Laboratory), do Serviço Florestal dos Estados Unidos, em Madison, Wisconsin.

 

Ali, ela contou com a supervisão do pesquisador Alex Charles Wiedenhoeft e a parceria da professora Adriana Costa, da Universidade Estadual do Mississipi, tendo acesso à maior xiloteca do mundo. O projeto desenvolvido foi intitulado Prova de Conceito de um Sistema de Identificação Computadorizada de Madeiras de Espécies Florestais Brasileiras. 

 

 

O objetivo era desenvolver um modelo computadorizado de identificação de espécies de madeiras nativas do Sul da Bahia com auxílio do XyloTron, para utilização em campo e aumentar a capacidade de identificação forense no laboratório.

 

"Essas madeiras são de interesse comercial e algumas ameaçadas de extinção. Com isso, se tem o objetivo de auxiliar os órgãos fiscalizadores no combate a comercialização ilegal de madeiras", projeta a docente.

 

"Para fazer uma correta identificação de madeiras é necessário um especialista na área, o que leva anos de treinamento, além de uma xiloteca que contenha as espécies e um laboratório especializado para este fim. Com o desenvolvimento de técnicas computadorizadas, essa identificação é realizada pelo equipamento, no nosso caso, o XyloTron. A vantagem do XyloTron é que este já foi testado em outros países, como EUA, Peru e Gana, com resultados promissores de mais de 95% de acurácia, além de ser o único equipamento que pode ser utilizado em campo, em tempo real". 

 

Xylotron é um dispositivo de código aberto que emprega visão de máquina e inteligência artificial para identificar espécies de madeira com base nas características macroscópicas das amostras. Criado no Laboratório de Produtos Florestais sob supervisão do pesquisador Alex Wiedenhoeft, esse equipamento pode ser usado em laboratório e em campo por funcionar offline e pelo pequeno porte, favorecendo atividades de pesquisa e de fiscalização. O trabalho de Mara envolve o desenvolvimento do dataset de imagens de amostras de madeiras de florestas brasileiras que detêm valor comercial, incluindo as espécies ameaçadas, para ser utilizado no treinamento do modelo computadorizado de identificação.

 

Durante esse ano no pós-doutorado, além de diversos treinamentos e o desenvolvimento do modelo computadorizado (ainda em finalização), a cientista trabalhou na criação de um manual de campo para identificação macroscópica de madeiras do Sul da Bahia, que em parte já foi convertido por colaboradores em um aplicativo para este fim. Esses recursos em breve estarão disponíveis para a sociedade, permitindo que estudantes, pesquisadores e trabalhadores da área possam utilizar o material.

 

Com base nesses produtos, a professora Mara pretende ofertar treinamentos de identificação macroscópica de madeira para os órgãos fiscalizadores da região. O modelo computadorizado classifica amostras com base em imagens padronizadas de espécies, a partir de coleções de referência.

 

A imagem de uma amostra passa por um modelo de identificação onde suas caraterísticas são medidas e comparadas estatisticamente às características das espécies conhecidos pelo  modelo, gerando resultados com alto índice de precisão. Para a escolha das essências florestais para construção do modelo, a professora Mara investigou as espécies florestais nativas com ocorrência no Sul da Bahia que estejam ameaçadas de extinção e as utilizadas comercialmente.

 

O modelo computadorizado resultante desse estudo estará disponível gratuitamente via publicação no GitHub e conta com a parceria do Laboratório de Produtos Florestais do Serviço Florestal Americano, com a equipe liderada pelo pesqiusador Alex Wiedenhoeft, e da Universidade do Estado do Mississipi, com a professora e pesquisadora Adriana Costa.

 

O app desenvolvido está disponível para smartphones Android e IOS

 

Agilidade e precisão para identificar 

 

Mara fala do interesse intelectual que a levou a desenvolver esse projeto:

 

"Como engenheira florestal, sempre fui entusiasta da organização celular da madeira, aspecto que influencia diretamente em sua utilização. Para além disso, a anatomia da madeira é uma parte essencial para identificação das amostras, auxiliando compradores e agentes de fiscalização, uma vez que pode orientar tanto na compra correta da madeira como produto quanto na identificação correta de cargas de madeira, inibindo seu comércio ilegal".

 

Tornar o processo de identificação de madeiras mais ágil com confiabilidade no resultado é diferencial para preservar espécies e fortalecer os orgãos de fiscalização que combatem crimes ambientais. A professora Mara explica que as madeiras de cedro (Cedrela odorata), jacarandá da Bahia (Dalbergia nigra) e o Pau-Brasil (Paubrasilia echinata) são espécies amplamente comercializadas:

 

 

"a primeira e a última são espécies incluídas na lista CITES (Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora), devendo ser observadas e se ter cuidado com o seu comércio para que não entrem em extinção. Já o jacarandá da Bahia é uma espécie ameaçada de extinção e pela proteção que recebe de CITES não pode ser abatida e comercializada. Com o manual e o desenvolvimento de modelos para identificação dessas espécies, poderemos realizar a correta identificação ou ter indicativos de que uma amostra pode ser de umas dessas espécies."

 

 

 

Outro resultado dessa pesquisa será percebido junto ao curso de Engenharia Florestal, sediado no Campus Jorge Amado, em Ilhéus. Mara relata que aprofundou seus conhecimentos durante a pesquisa no Laboratório de Produtos Florestais.

 

"O meu supervisor tem uma experiência de mais de 25 anos ensinando e pesquisando a anatomia da madeira de espécies florestais, com inúmeras publicações na área. Isso interfere diretamente na qualidade das aulas do curso de Engenharia Florestal".

 

Ela também retornou ao Brasil com uma coleção de lâminas histológicas de madeira de diversas espécies de árvores, dentre as lâminas que ela mesma confeccionou e as que foram doadas, o que vai enriquecer as aulas práticas de anatomia e identificação da madeira, componentes curriculares ministradas por ela.

 

 

"Também trouxe inúmeras amostras para que os estudantes possam visualizar diferentes tipos de madeira. Durante o período que estive lá, construí um XyloPhone (que foi me disponibilizado), um equipamento que acoplado ao smartphone permite visualizar a madeira macroscopicamente com facilidade, o que ajudará o aprendizado dos estudantes, auxiliando também nas pesquisas voltadas para a área. O curso é novo e não tínhamos nenhum desses recursos disponíveis, possuíamos pouquíssimas lâminas sem diversidade, tampouco amostras de madeiras diferentes. Agora o curso terá um material vasto para aprendizado e treinamentos", conclui a pesquisadora.  

 

 

ASCOM - UFSB

Por - Gutemberg Stolze / Imprensananet.com

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